- O que achas de prestarmos uma visita à vila do fundo da montanha? - sugeriu Rafael. - Pode ser que lá tenham visto alguém estranho.
- É possível que lá encontremos respostas, mas até lá mantém-te alerta.
Agora Michael recusava-se a manter o olhar na estrada. Em vez disso ordenou ao cavalo que acelerasse o passo e ia olhando em todas as direcções.
- Algo nos segue - disse.
O coração do irmão ia-lhe saltando pela boca. Apertou a rédeas com mais força e, tal como Michael, não conseguia evitar fixar todas as árvores como se cada uma os fosse matar.
- Se forem os cães? - perguntou Rafael.
O pânico começava a tomar conta dele.
Rafael ia responder quando a sua barriga lhe deu sinal. Antes de falar ele manteve os olhos no seu tronco.
- Deve ser perto da hora do almoço. Saímos há mais de três horas - informou.
- Estamos longe o suficiente...
O medo de Rafael, que outrora o levaria a tremores e imobilidade, levava-lhe agora a mão ao arco buscando conforto. Parecia estar a adivinhar o que estava para vir.
- Longe o suficiente para quê?
- Para outro ataque.
Michael começara a assumir posição segurança preparando-se para o galope do cavalo quando uma nesga de movimento se fez notar ao longe, no meio da vegetação.
- Larga o arco - segredou. Rafael seguia ao seu lado e libertou a haste de madeira de imediato. - Prepara-te para fugir.
Esta opção era sem dúvida a que mais agradava ao irmão mais novo. Este aproximou também o tronco às costas do cavalo e apertou as rédeas com as duas mãos e toda a sua força.
- Quando qui... - começou Rafael.
Um assobio alto interrompeu a sua frase seguido por uma flecha que lhe rasou o nariz e o fez desequilibrar-se para trás. De repente tudo começou."