Era uma visão rara, naquela ou em qualquer região, mas lá estava ele: um lobo enorme, de pelagem cinzenta, cheirando o chão. Enquanto o observavam, viram como se movia com músculos fortes e evidentes, uma cabeça gigante e majestosa e olhos e dentes que, quando a luz lunar encontrava uma fresta por entres as folhas e ia ao seu encontro, brilhavam de tão brancos que eram.
- Então? - segredou Rafael - E agora?
Imediatamente, Eva cobriu-lhe a boca.
- Cala-te que nos ouve!
E, realmente, Michael conseguiu notar como o animal elevou a cabeçorra e virou as orelhas à sua volta, procurando a fonte daquele segredar. Devagar e cuidadosamente, Eva recuou, puxando cada um dos irmãos pelos seus ombros, liderando-os para longe da besta.
- Lobos é que não! - regrou assim que estavam longe o suficiente e antes que Rafael lhe lançasse mais alguma pergunta.
- Porquê?
- São perigosos. Nunca se sabe se são apenas lobos, nem se estão sozinhos - explicou Eva.
- Mas parecia estar sozinho - afirmou Gabriel. - E, com isto tudo, também estou a ficar com fome.
- Também eu, mas nunca se sabe quantos outros podia chamar. É raro e estranho um lobo estar só, a não ser que se sinta pronto para partir, e não me pareceu ser essa a situação.
- E agora?
- Agora continuamos - informou a rapariga, retomando a passada à sua forma decidida.
A noite ainda era jovem e haveriam hipóteses para todos experienciarem aquilo que a Eva fazia vibrar de prazer. Nenhum deles sabia como iria correr, nem mesmo Eva, mas a rapariga olhava para os irmãos: um de costas viradas para si, que a seguia caminhando à sua frente, outro ao seu lado, perdido nos seus pensamentos e o último um pouco mais atrás, atrasado pela sua personalidade aluada e pelos seus tropeções constantes, e sentia uma ligação forte com cada um deles. Não era certo, mas talvez isso se devesse ao facto de todos eles serem um pouco como ela e até um pouco dela.
Michael e Eva eram idênticos: ambos fortes, tanto física como psicologicamente. Gabriel era o mesmo, embora, nas suas acções, ainda deixasse transparecer um pouco mais de desequilíbrio. Ainda assim tinha uma boa alma, e Rafael era a inocência em pessoa. Talvez fosse o ser humano mais desajeitado que Eva tinha conhecido ao longo da sua vida, o que não significava muito, visto que metade dela a tinha passado enterrada e isolada do mundo, mas ainda assim sabia que, quando posto sob pressão, respondia à letra. A sua bochecha esquerda, antes fortemente esmurrada, era a prova e o motivo que lhe moldara tal impressão. Era um bom trio e, por isso, Eva sentia-se feliz. Estava finalmente acompanhada."
Mais um excerto que está lançado. O livro vai-se desenvolvendo mais e mais, cheio de mistérios e aventuras, e agora aproxima-se um dos capítulos mais importantes e excitantes de toda a história. Obrigado pelo apoio que me tem sido oferecido e espero que continuem a seguir a leitura para saberem o que vem a seguir :)
Continua Kinder :) muito bom mesmo xd
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