" João ia responder, mas foi impedido de o fazer por um homem que cambaleava rua abaixo, tropeçando sonoramente e segurando-se com as duas mãos a todas as paredes que podia. Pela forma como se deslocava, parecia encontrar-se à Beira de um abismo.
Ao aperceber-se do interesse que os gémeos tinham ganho no homem, João explicou:
- Aquele é o bêbado - começou.- Anda por aqui até casa, vindo da taberna, todas as noites.
Ao ouvir isto, Filipe apertou o braço ao irmão.
- Filipo... os bêbados são os mais honestos - disse, enquanto lhe piscava o olho.
Não precisou de dizer mais nada! Assim que proferiu estas palavras, o gigante mais brutamontes abandonou o seu posto de guarda a João e lançou a passada em direcção ao homem cambaleante.
- Olha lá...! - gritou, a voz como um trovão vindo de uma nuvem raivosa, ainda de longe.
A maneira como se deslocava e como falava com uma pessoa assim, desconhecida e, ainda por cima, debilitada, só aumentava em João a desconfiança de que, sem contar com Filipe, Filipo atribuía a tudo e todos um estatuto de insignificância quase como o que associaria a uma formiga. O que ele não tomava em conta era que tudo no mundo, incluindo o mais pequeno grão de areia ou terra, tinha o seu papel a fazer e era tudo menos insignificante. Assim também o bêbado o era.
- Tu aí!
Desta vez, embora estivesse já mais próximo, gritou ainda mais alto, pois o bêbado, ou o ignorara ou nem sequer dera por ele. Este continuava na tarefa dificílima que era dar o próximo passo.
Agora mais irritado do que era costume, face à pouco a importância que lhe estava a ser dada, Filipo continuou com a sua aproximação a uma passada cada vez mais severa até alcançar o homem, que ao pé dele não era mais do que um homenzinho.
Apanhado desprevenido, ao dar-se conta do vulto do vulto enorme que acabara de o alcançar, o bêbado não conseguiu conter um salto.
- Aai! Home! Saia-me do ...hic... caminho, que me mata do coração e... hic... não vejo a hora de me meter em casa! - gritou, na sua fala embebedada e de mão deitada ao peito, como se quisesse impedir o coração de lhe saltar do sítio.
- Onde é que mora? - perguntou Filipo.
Queria poder segui-lo até onde quer que o homem fosse enquanto o assustava com perguntas que nenhum estranho deve fazer.
Enquanto isso, Filipe começara a aproximar-se, também, e João seguia-o de perto.
- Num te digo! - exclamava o bêbado quando João e Filipe se aproximaram o suficiente para ouvir a conversa.
- Se não me dizes prego-te à parede pelos colarinhos! - ameaçava Filipo.
- Oh! Como se tu... hic... como se tivesses força para isso! Anda lá... hic... porra para isto! Anda lá, valentão!
O bêbado, ou era muito corajoso, ou estava apenas enlouquecido pela bebida. Nos seus pensamentos João começara a imaginar-se naquela situação. Tinha a certeza que só lhe ocorreria fugir. No entanto, o homem, tonto quanto estava, continuava ali, erguido o mais direito que conseguia, enfrentando o matulão.
- A tua sorte, seu bêbado de meia tigela, é que não tens colarinhos - observou Filipo.
- Pois não! - respondeu o homem, que, para espanto de João, tinha agora um sorriso demente estampado na cara. Filipe continuava sem se intrometer no minuto de diversão do irmão. - Mas p... hic... raaaaaiooos! - queixou-se, mais uma vez, dos soluços que logo agora lhe haveriam de dar. - pernas eu tenho!
- O que é que isso quer dizer? - perguntou Filipo, baralhado , dirigindo depois o olhar ao gémeo em busca de alguma elucidação.
Podia bem notar-se que a parte da inteligência tinha ficado exclusiva a Filipe e o bêbado, embora afinal não fosse corajoso, era esperto que nem um burro. Assim que Filipo lhe virou costas, largou a correr que nem um doido numa velocidade que tinha a certeza ser estonteante! No entanto, por causa da bebedeira, era obrigado a levar a mão na parede e não demorou até que esta lhe fugisse.
Quando se encontrava apenas a meio metro de distância, Filipe, Filipo e João tiveram o prazer de assistir a um momento que lhes fez valer a noite.
De repente, o pobre bêbado ficou sem apoio na mão, tropeçou num buraco da estrada e estatelou-se de queixos no chão.
- CUM CANECO! - guinchou entre grunhidos - CARALHO! AII, QUE A BEBIDA CASTIGA!
Enquanto João se perdia de riso, Filipe mantinha-se sério, embora lutasse contra a sua vontade de rir, e Filipo, também ele levado pelas gargalhadas, voltou a aproximar-se do bêbado.
- Ai! - assustou-se este, quando o gigante o alcançou e o levantou contra a parede. - Mãe do céu, Santa Maria, agora são dois!"
Embora um bocadiiito mais forte, este excerto tem a sua piada. Devo confessar que ao escrevê-lo também não consegui controlar o riso, por isso espero que se divirtam tanto a lê-lo como eu a escrevê-lo. Afinal o sorriso é a curva mais bonita de qualquer ser humano :)
Ao aperceber-se do interesse que os gémeos tinham ganho no homem, João explicou:
- Aquele é o bêbado - começou.- Anda por aqui até casa, vindo da taberna, todas as noites.
Ao ouvir isto, Filipe apertou o braço ao irmão.
- Filipo... os bêbados são os mais honestos - disse, enquanto lhe piscava o olho.
Não precisou de dizer mais nada! Assim que proferiu estas palavras, o gigante mais brutamontes abandonou o seu posto de guarda a João e lançou a passada em direcção ao homem cambaleante.
- Olha lá...! - gritou, a voz como um trovão vindo de uma nuvem raivosa, ainda de longe.
A maneira como se deslocava e como falava com uma pessoa assim, desconhecida e, ainda por cima, debilitada, só aumentava em João a desconfiança de que, sem contar com Filipe, Filipo atribuía a tudo e todos um estatuto de insignificância quase como o que associaria a uma formiga. O que ele não tomava em conta era que tudo no mundo, incluindo o mais pequeno grão de areia ou terra, tinha o seu papel a fazer e era tudo menos insignificante. Assim também o bêbado o era.
- Tu aí!
Desta vez, embora estivesse já mais próximo, gritou ainda mais alto, pois o bêbado, ou o ignorara ou nem sequer dera por ele. Este continuava na tarefa dificílima que era dar o próximo passo.
Agora mais irritado do que era costume, face à pouco a importância que lhe estava a ser dada, Filipo continuou com a sua aproximação a uma passada cada vez mais severa até alcançar o homem, que ao pé dele não era mais do que um homenzinho.
Apanhado desprevenido, ao dar-se conta do vulto do vulto enorme que acabara de o alcançar, o bêbado não conseguiu conter um salto.
- Aai! Home! Saia-me do ...hic... caminho, que me mata do coração e... hic... não vejo a hora de me meter em casa! - gritou, na sua fala embebedada e de mão deitada ao peito, como se quisesse impedir o coração de lhe saltar do sítio.
- Onde é que mora? - perguntou Filipo.
Queria poder segui-lo até onde quer que o homem fosse enquanto o assustava com perguntas que nenhum estranho deve fazer.
Enquanto isso, Filipe começara a aproximar-se, também, e João seguia-o de perto.
- Num te digo! - exclamava o bêbado quando João e Filipe se aproximaram o suficiente para ouvir a conversa.
- Se não me dizes prego-te à parede pelos colarinhos! - ameaçava Filipo.
- Oh! Como se tu... hic... como se tivesses força para isso! Anda lá... hic... porra para isto! Anda lá, valentão!
O bêbado, ou era muito corajoso, ou estava apenas enlouquecido pela bebida. Nos seus pensamentos João começara a imaginar-se naquela situação. Tinha a certeza que só lhe ocorreria fugir. No entanto, o homem, tonto quanto estava, continuava ali, erguido o mais direito que conseguia, enfrentando o matulão.
- A tua sorte, seu bêbado de meia tigela, é que não tens colarinhos - observou Filipo.
- Pois não! - respondeu o homem, que, para espanto de João, tinha agora um sorriso demente estampado na cara. Filipe continuava sem se intrometer no minuto de diversão do irmão. - Mas p... hic... raaaaaiooos! - queixou-se, mais uma vez, dos soluços que logo agora lhe haveriam de dar. - pernas eu tenho!
- O que é que isso quer dizer? - perguntou Filipo, baralhado , dirigindo depois o olhar ao gémeo em busca de alguma elucidação.
Podia bem notar-se que a parte da inteligência tinha ficado exclusiva a Filipe e o bêbado, embora afinal não fosse corajoso, era esperto que nem um burro. Assim que Filipo lhe virou costas, largou a correr que nem um doido numa velocidade que tinha a certeza ser estonteante! No entanto, por causa da bebedeira, era obrigado a levar a mão na parede e não demorou até que esta lhe fugisse.
Quando se encontrava apenas a meio metro de distância, Filipe, Filipo e João tiveram o prazer de assistir a um momento que lhes fez valer a noite.
De repente, o pobre bêbado ficou sem apoio na mão, tropeçou num buraco da estrada e estatelou-se de queixos no chão.
- CUM CANECO! - guinchou entre grunhidos - CARALHO! AII, QUE A BEBIDA CASTIGA!
Enquanto João se perdia de riso, Filipe mantinha-se sério, embora lutasse contra a sua vontade de rir, e Filipo, também ele levado pelas gargalhadas, voltou a aproximar-se do bêbado.
- Ai! - assustou-se este, quando o gigante o alcançou e o levantou contra a parede. - Mãe do céu, Santa Maria, agora são dois!"
Embora um bocadiiito mais forte, este excerto tem a sua piada. Devo confessar que ao escrevê-lo também não consegui controlar o riso, por isso espero que se divirtam tanto a lê-lo como eu a escrevê-lo. Afinal o sorriso é a curva mais bonita de qualquer ser humano :)
Lembrei-me de uma piada.
ResponderEliminar"- Pai como é que se descobre que uma pessoa está bêbada?
- É muito simples filho, estás a ver aquelas duas cadeiras? Quem estiver bêbado, vê quatro.
- Mas pai... Só ali está uma..."