Foi contando tudo e observando a ansiedade do pai, até que Peter entrou no quarto. Trazia um ar cansado, meio transpirado, e carregava uma certa aflição nos olhos.
Abriu a porta de rompante e travou um pouco, ao ver que os irmãos já tinham acordado. Sabia que tinham dormido quatro dias seguidos, mas tentou esconder um pouco a admiração.
- Bom dia, rapazes - disse, esforçando um sorriso simpático.
Em seguida, apróximou-se de William e segredou-lhe algo ao ouvido, endireitando-se e saindo, depois, sem mais uma palavra. O pai levantou-se e seguiu-o a passo rápido.
- Viste como o Sr. Peter estava? - perguntou Rafael, dirigindo-se a Gabriel.
- Achas? Daqui não vejo nada!
Na outra cama, Michael moveu-se um pouco, gemeu, mas continuou a dormir.
- Parecia preocupado - continuou Rafael. - Espera.
Levantou-se e andou devagar, tentando manter o braço no sítio, até à janela, onde observou um conjunto de dez criados, rodeados por habitantes da Vila, transportando algo coberto por um tecido branco manchado.
- Aconteceu alguma coisa - disse.
- O que foi? - perguntou Gabriel, do outro lado do quarto.
- Estavam a trazer alguma coisa para dentro, mas não consegui perceber o que era.
Manteve os olhos na entrada da casa, e, segundos depois, afastou-se da janela. Tinha agora uma expressão decidida, e, a passo rápido, atravessou o quarto e sentou-se na cama, verificando se as ligaduras do braço estavam bem presas. Calçou os sapatos, vestiu uma camisola de manga comprida e voltou a levantar-se.
- Onde é que vais? - perguntou Gabriel.
- Vou ver o que se passa.
- Está bem. Conta-me tudo, depois.
Rafael acenou com a cabeça, enquanto se dirigia para a porta, e saíu para o corredor, o mais rápido e silenciosamente que conseguiu.
Continua interessante. Gostava que os posts fossem mais frequentes, pois perco um pouco o fio à meada. Continua Francisco
ResponderEliminarO Conto do Francisco vai avançando
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