segunda-feira, 17 de março de 2014

A Fuga

  "Estavam agora numa pequena sala quadrada e, com a luz que se esguelhava pelos vários buraquinhos na porta e no telhado, conseguiam ver que o chão da salinha estava coberto por pequenas ervas macias, sobre as quais puderam pousar Gabriel.
  Juntos tentaram abrir a porta, mas esta parecia estar trancada, por isso tentaram deitá-la abaixo, utilizando algumas pedras, que estavam amontoadas a um canto da salinha quadrada. Mas as suas tentativas foram vãs, e a exaustão começava a tomar-lhes conta do físico, por isso deixaram-se cair perto do irmão.
  A perna de Gabriel jorrava sangue, e Michael sabia que não podiam demorar muito mais. O desespero começava a invadir-lhe o pensamento.
  - Aau! - gemeu Rafael ao sentar-se.
  - O que foi?
  Rafael levantou-se e tacteou as ervas.
  A sua expressão alegrou-se um pouco quando tirou, do meio das ervinhas, um varão de ferro.
  - Podemos usar isso! - exclamou Michael.
  - Como alavanca.
  Michael voltou a levantar-se e encaixaram o varão num dos lados da porta de madeira.
  Finalmente um pedaço cedeu, e depois outro e outro, formando um buraco suficientemente grande para passarem.
  Primeiro levantaram Gabriel. Apoiando-o novamente nos seus ombros, levaram-no até à porta. Rafael saíu primeiro, depois passaram Gabriel, e Michael saíu em terceiro.
  Era de manhã, e a julgar pelo ar que corria, frio e limpo, levado por uma brisa leve e delicada, era ainda muito cedo, e quando conseguiram esgueirar-se pelo buraco que haviam feito na porta, aperceberam-se de onde estavam.
  - Rafael, - chamou Michael - é a casinha. É a casinha dos bosques.
  Para além do buraco que tinham aberto, a casinha continuava intacta, e estava agora cercada por centenas de rosas brancas, como as que tinham encontrado no salão subterrâneo.
  Agora que sabiam onde estavam, sabiam para onde tinham que ir, por isso, carregando Gabriel, procuraram a estrada para a mansão. Quando a encontraram, tropeçaram e cambalearam por ela fora, dirigindo-se para casa.
  - Mais rápido - disse Michael.
  - Estou a tentar - respondeu Rafael.
  - Não te procupes, o pai e a mãe hão-de saber o que fazer."

Mais um pouco partilhado :) espero que gostem, que comentem tudo isso. Este  causou-me dores nos dedos, de tanto escrever :P

quinta-feira, 13 de março de 2014

O Túnel

 " - Outra vez aquele sonho parvo - respondeu enquanto esfregava o ombro. - Parece sempre tão real.
  Cerrou os punhos, de raiva.
  - Não precisas de ficar assim, já passou - acalmou-o Gabriel.
  Sabia o quanto tudo aquilo era difícil para o irmão, e compreendia que, para Michael, acordar quase todas as noites às duas da manhã, era uma adição um pouco irritante, aos pesadelos.
  Destapou-se, andou até à cama do irmão e sentou-se aos seus pés. Rafael fez o mesmo, já que estava bem acordado.
  - Nunca nos contaste o que acontece ao certo, nesse sonho - disse Gabriel um pouco a medo, pois não se sentia bem em fazer o irmão falar daquilo.
  Mas pensou que talvez fizesse bem a Michael.
  O rapaz suspirou, esfregou a cara com as mãos e fitou os dois irmãos. Largou outro suspiro.
  - O sonho é sempre o mesmo - começou. - Sonho que estou num corredor, mas não é bem um corredor. Um túnel. Não vejo nada à minha volta, porque está tudo escuro. Tenho uma lanterna na mão, mas não a consigo acender.
  "Ao fundo do corredor, muito ao longe, oiço estrondos, como se estivesse alguém a atirar pedras enormes contra a parede. Como não vejo nada e, para além de saber que é um túnel, não sei onde estou, começo a andar em direcção aos sons.
  Fechou os olhos para tentar lembrar-se melhor de tudo. Esticou os braços para os lados e abriu as mãos, como se tocasse nas paredes do túnel, e voltou a abrir os olhos.
  - E depois? - perguntou Rafael, que estava agora deitado de barriga para baixo, em frente ao irmão.
  - Para não caír, tenho sempre as mãos nas paredes - continuou. - As paredes estão muito húmidas e até consigo sentir as gotas de água a escorrer na pedra.
  " Continuo a andar devagar, mas parece que já estou a andar há horas e os barulhos continuam longe, por isso começo a ficar assustado. Paro e tento acalmar-me. De repente os barulhos param, como se soubessem que eu estou ali. Não oiço nada para além da minha respiração, por isso sustenho-a.
  Pousou a mão no peito, para não quebrar o pensamento, tentando reproduzir as sensações do pesadelo.
  - Depois a respiração volta, mas não é a minha - continuou. - Fico cada vez mais assustado e...
  - Shh! - interrompeu Gabriel.
  - O que foi?
  - Shhh! - insistiu.
  E calaram-se os três, imóveis, em cima da cama.
  Ao fundo, muito ao fundo, ouvia-se um barulho pesado e profundo. Um "baque" de pedra contra pedra, distante na mansão."

Está lançado um novo excerto, e a parte excitante começa agora! Espero que gostem, comentem e todas essas coisas boas que servem para me apoiar! :)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Continua...

  Chegaram e Michael reconheceu que a casinha tinha um aspecto um pouco sombrio. Estava intacta, sem buracos nem paredes caídas e, embora se visse que estava velha e inutilizada, parecia que alguém tomava conta da pequena estrotura, o que a tornava um pouco mais assustadora.
  - É feia - soltou Rafael.
  - Não é nada - ripostou Michael. - Tenta imaginar aquilo para que era usada. Imagina o que era feito e por que motivo foi construída.
  - Concordo - disse Gabriel, depois de dar uma volta à casinha. - É fantástica. Queres tentar abrir a porta?
  - Não, ainda nos cai em cima.
  A porta era de madeira maciça e estava segura à casa por varas de ferro enterradas nas paredes. O telhado era um paralelepípedo e, por cima da porta, como Michael pensava ter visto antes, havia um triângulo que continha os mesmos símbolos que as lareiras da mansão: o brasão de armas, os dois cavaleiros e, por baixo, o homem deitado, de olhos fechados e braços cruzados no peito.
  - Aquele homem... - começou Michael - isto é o mesmo que está nas lareiras. Achas que têm ligação?
  - Não sei, mas se calhar vai dar a algum cemitério - respondeu Gabriel.
  - Se vai, quero ir embora! - exclamou Rafael - Já são quase horas de jantar.
  - Tu estás é com medo - troçou Gabriel.
  - Não estou nada!
  - Ele tem razão. Se formos depressa demoramos, mais ou menos, quinze minutos. É melhor irmos andando.
  - Vamos lá, então.
  E afastaram-se da casinha. Parte da sua curiosidade estava satisfeita, mas a outra parte fazia Michael querer saber mais sobre aquele conjunto de símbolos que estava não só na casa dos bosques, mas também espalhado por toda a mansão."

E pronto, mais um excerto para espicaçar os curiosos :P

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mais um pouco

"  Eram seis da manhã quando uma das criadas, de nome Josie, entrou no quarto dos rapazes. Abriu a porta de par em par, para evitar apanhá-los desprevenidos caso já estivessem a pé, e vendo que ainda dormiam atravessou o quarto em direcção às janelas. Era uma senhora já com anos de experiência naquele trabalho, tinha perto de setenta anos de idade e toda a sua vida trabalhara naquela casa como criada. Com uma voz meiga e maternal, depois de abrir as cortinas, chamou:
  - Meninos, o vosso pai mandou acordar-vos. Já está a pé e quer-vos prontos em uma hora.
  Rafael acordou de imediato. Era de longe o mais enérgico no que tocava a manhãs e não demorou até que acordasse Michael. Dez minutos depois já os três se vestiam e se preparavam para uma manhã a caçar, nos bosques que contornavam a vila, aquilo que seria o almoço do dia seguinte. Em breve desciam a escadaria do hall de entrada, correndo no alvoroço habitual dirigindo-se à sala de jantar. Havia mais três em toda a casa, mas as outras só estariam prontas daí a umas semanas, por isso, por agora, limitavam-se a usar aquela.
  Quando entraram já o pai estava sentado na cadeira do extremo oposto da mesa, lendo um livro e de roupa de caça vestida. Tinha a sua espingarda encostada à cadeira e esperava pelos três filhos para dar ordem para servirem o pequeno-almoço. Ao seu lado, de cada lado do cadeirão, estavam dois criados a quem tinha sido incubida a tarefa de servir exclusivamente William.
  - Bom dia, rapazes. - disse quando os viu entrar. - Muita fome?
  - Bom dia, pai. - Respondeu Michael. - Esfomeado!
  - Bom dia, pai. - disse Gabriel ainda ensonado.
  E , por último, antes de se sentar ao lado dos irmãos, que já haviam tomado os seus lugares, Rafael atravessou o salão, abraçou o pai forçando-o a largar o livro e a soltar um riso e gritou, com entusiasmo, na sua cara:
  - Bom dia, pai!!!"

E pronto, mais um excerto prometido e escrito. Comentem, digam se gostaram e se a curiosidade ainda vos atormenta ( se atormentava antes) :P
Ps: peço desculpa pela falta de imagens, mas tenho publicado pelo telemóvel e é mais complicado assim.
 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Segredos """ Secrets

Esta publicação vai ser mais curta, visto que tenho que escrever pelo telemóvel. Neste momento não tenho internet para além disto, por isso não vou poder publicar frequentemente. No entanto tenho segredos, agora, e quero deixar-vos curiosos. Estou no começo de algo importante para mim e talvez seja desta que me decido permanentemente em relação ao que quero da vida e ao que espero alcançar. Já vos dei antes um cheirinho deste novo começo e talvez amanhã sintam um pouco mais da curiosidade que espero que vos tenha deixado no espírito. Mas fico curioso em relação a isso e, por isso, peço a quem lê o blog, que comente este post e que me digam talvez o que pensam que vem aí ou o que quer que seja. De qualquer forma gostava que este fosse o post com mais comentários :)

 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

This text is going to be shorter, since I'm going to have to write it through my phone. At the moment I don't have internet connection at home, so I won't be able to publish as often as I would like to. Anyway, I have secrets to share and I want to make you al curious. Right now, I'm in the beggining of something that is important for me and it might be this time that I decide once and for all what I want to do with my life and what I'm expecting to achieve. I have given you before a little clue about this new beggining and maybe tomorrow you will feel a little more of the curiosity that I hope I have left in you. I'm curious about that and, for that, I ask, to whoever reads the blog, to leave a comment on this post and maybe tell me what you would think that is coming. Regardless, I would love it if this was the most commented post :)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Desconhecidos

 "Passo a passo, um rapazinho seguia o caminho que o levava em direcção à Floresta dos Cem Ramos. Do outro lado da floresta encontrava-se a vila, e enquanto pensava no caminho que ainda teria que percorrer, o infante abria com dificuldade a bainha de cabedal que tinha presa à cintura. 

 Com as duas mãos ocupadas: uma com o punhal que o pai lhe tinha oferecido há anos atrás e a outra com a lebre que acabara de caçar, teve que abrandar o passo e aplicar um pouco mais de atenção ao que tentava fazer. Ao longo da faca, de lâmina ainda suja, escorriam gotas avermelhadas e brilhantes de sangue ainda quente e fumegante que pertencia à lebre, por isso, antes de mais nada, ajoelhou-se, procurou uma folha qualquer limpa, e poisando o animal morto no chão, deslizou-a na superfície lisa do punhal. Quando acabou de limpar a faca largou a folha outra vez no chão, embainhou o punhal, agarrou a lebre de novo sacudindo-a com cuidado para tirar a terra e levantou-se.

 Eram mais ou menos seis da tarde e a luz já se dissipava por entre as folhas das árvores. À medida que esta enfraquecia o rapazinho ia deixando de ver e pensando cada vez mais na lanterna que devia ter trazido. De vez em quando um ramo de uma árvore ou de um arbusto esquivava-se por entre os seus dedos e embatia numa das suas bochechas ou na testa deixando-a rosada:

 - Ah! Ah! Ah! - ia segredando a si mesmo cada vez que era chicoteado.

 O caminho era longo, e embora houvesse um carreiro que cortava por entre o bosque, àquela já só havia uma distinção possível aos seus olhos: o chão era preto e as árvores escuras, por isso limitava-se a andar a direito."

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Momentos na Vida

 Todos os textos que se seguem foram, um dia, há tempos, um segredo escrito e escondido pelo meio de folhas esquecidas com o tempo e relembrado agora talvez para partilhar com quem quer que seja que demonstre interesse.
 Há momentos na vida que todos queremos esquecer, que todos queremos tirar de dentro de nós e atirar ao ar em forma de grito ou de choro. Atirar à cara da vida para lhe mostrar que somos capazes de nos levantar, virar costas e continuar a correr até não poder mais. Mas às vezes não somos..


 " Hoje não sei o que escrever.
  Tenho um turbilhão de coisas: um furacão talvez. Um furacão de memórias tuas e minhas... nossas.
  Cada vez mais oiço que o medo não nos deixa viver, só nos faz morrer. Penso...
 
   Hoje penso em ti e a única coisa que sinto é uma dor no coração que me diz o quanto te amo e que me diz o quanto me esqueces a cada dia que me passa à frente dos olhos e que, por mais que tente agarrar, se esquiva por entre os dedos como fumo fugidio.
   Hoje não há mais nada a escrever , apenas há a sentir. A sentir os pensamentos de um coração que se parte e se cola de um dia para o outro. Sentimentos esses que apenas me deixam acordado para assistir a mais uma tortura.
   "Porque é que te amo tanto se a única coisa que aprendeste a fazer comigo foi a nunca saberes o que sou para ti?"
   Este sentimento de agonia derrete todos os dias mais um tijolo de que sou feito, ao saber que te quero tanto e que, a cada minuto que passa, tens menos a certeza do que outrora disseste e agora retiras.
   O hoje para mim vai ser mais um dia de serviço do meu inconsciente: o inconsciente dos medos e desejos que me gasta as lágrimas e o sangue. Talvez o fim da minha vida seja aquele em que me tornarei apenas em mais uma alma que vagueia pelo mundo sem sangue e sem cérebro.
   Prometo apenas, então, que quando esse dia chegar vou deixar de te procurar, porque esse dia será aquele em que também tu partirás.
   Até lá... Amo-te apenas por mais um pequeno dia.
                                                                                                                   Francisco"