domingo, 20 de abril de 2014
A Queda
"Dia sim, dia não, eram visitados pelo médico da vila, que vinha examiná-los de modo a evitar infecções ou qualquer outro desastre que pudesse surgir. Dia sim, dia não, ele vinha. Examinava o ombro de Michael, que se encontrava quase repleto de carne e pele e que melhorava a olhos vistos, observava a mão de Rafael, que já estava curada, mas que insistia em envolver em ligaduras, e por último desembrulha a perna de Gabriel e, de olhos arregalados, exclamava: "Estes miúdos de hoje em dia...!"
- Já posso andar, senhor? - perguntou Gabriel, depois do médico lhe cobrir com ligaduras, de novo, a perna.
- Não - respondeu. - A tua perna parece estar bem, mas feridas como estas não se curam assim. Deve haver mais alguma coisa que eu não consigo ver.
A dor já não os apoquentava, mas mesmo assim o médico insistia em embrulhá-los naquelas ligaduras parvas, e agora começavam a pensar que ele não fazia ideia do que estava a fazer.
Sabiam que se tinham curado depressa. Feridas daquelas demorariam, com certeza, mais do que seis meses a curar-se e eles tinham ficado bons em duas semanas, mas o homem já começara a ganhar o nome de "imbecil" devido ao tratamento que lhes dava.
Não podiam sair do quarto, mas durante o dia, quando sabiam que ninguém vinha, aproveitavam para se levantar, esticar as pernas, lutar um pouco e fazer tudo o que seria saudável e normal para rapazes com a idade deles: saltavam da cama de Michael para a de Gabriel, corriam durante três ou quatro horas e, de vez em quando, gostavam de se pendurar na parte de fora das janelas por uma ou duas horas. Comiam apenas ao pequeno-almoço e ao jantar, mas, com o decorrer do tempo, isso era algo que os incomodava cada vez menos.
Embora fosse Verão, os dias continuavam farruscos, e numa tarde, enquanto Gabriel e Rafael se esmurravam, Michael pendia por um braço do lado de fora da janela. Conseguia sentir a rugosidade das pedras frias da mansão, e ao mesmo tempo que reparava num ratinho que cheirinhava a terra, Muriel entrava no quarto.
Os três irmãos tinham concordado que os pais não podiam saber o que faziam durante o dia, por isso, quando Michael ouviu a voz da mãe, que trazia a notícia da parte do médico, que já podiam mexer-se à vontade e sair do quarto, e que perguntou onde ele se encontrava, o seu instinto ditou-lhe: "Larga!". E largou.
Foi uma queda de dois segundos, durante os quais o vento soprou mais forte, os seus olhos se fecharam e aterrou andar e meio mais abaixo, sobre algo que provocou um estrondo seco de tábuas a partir.
Muriel, Gabriel e Rafael correram para a janela. Nenhum deles sabia o que tinha acontecido e, quando se debruçaram sobre o parapeito de pedra, puderam ver.
Michael encontrava-se dentro de um buraco quadrado com cerca de um metro de profundidade e pouco mais do que a sua largura. Estava encolhido e de olhos fechados e no seu pensamento ainda ecoava a palavra "morri".
- Michael! - exclamou Muriel.
O rapaz abriu os olhos.
- Estás bem? - perguntou Rafael.
- Estou - respondeu olhando para cima.
Levantou-se, esticou as pernas, verificou se não tinha nada partido e, para seu espanto e alívio, percebeu que estava tudo no sítio.
- Está tudo bem! - afirmou, olhando de novo para os irmãos e para a mãe, sorrindo.
Muriel estava estupefacta, de boca tapada com a mão, e Rafael e Gabriel estavam calados. Todos tinham um olhar aterrorizado e nenhum dizia uma palavra.
- O que foi? - perguntou o rapaz.
Começava a ficar assustado, e com razão.
- Michael... - disse Gabriel, apontando.
Ao início ficou baralhado, pois o irmão acabara de apontar para si, mas foi então que resolveu olhar para o chão que pisava.
- Aah! Merda! - gritou.
Num segundo pôs-se fora do buraco, sacudiu-se , e lá estava ele. Estava contorcido, partido, rasgado e sujo, com expressão de horror."
E pronto, uma noite mal dormida por causa da escrita :P espero que gostem e peço desculpa pela demora.
domingo, 30 de março de 2014
Novos Acontecimentos
Foi contando tudo e observando a ansiedade do pai, até que Peter entrou no quarto. Trazia um ar cansado, meio transpirado, e carregava uma certa aflição nos olhos.
Abriu a porta de rompante e travou um pouco, ao ver que os irmãos já tinham acordado. Sabia que tinham dormido quatro dias seguidos, mas tentou esconder um pouco a admiração.
- Bom dia, rapazes - disse, esforçando um sorriso simpático.
Em seguida, apróximou-se de William e segredou-lhe algo ao ouvido, endireitando-se e saindo, depois, sem mais uma palavra. O pai levantou-se e seguiu-o a passo rápido.
- Viste como o Sr. Peter estava? - perguntou Rafael, dirigindo-se a Gabriel.
- Achas? Daqui não vejo nada!
Na outra cama, Michael moveu-se um pouco, gemeu, mas continuou a dormir.
- Parecia preocupado - continuou Rafael. - Espera.
Levantou-se e andou devagar, tentando manter o braço no sítio, até à janela, onde observou um conjunto de dez criados, rodeados por habitantes da Vila, transportando algo coberto por um tecido branco manchado.
- Aconteceu alguma coisa - disse.
- O que foi? - perguntou Gabriel, do outro lado do quarto.
- Estavam a trazer alguma coisa para dentro, mas não consegui perceber o que era.
Manteve os olhos na entrada da casa, e, segundos depois, afastou-se da janela. Tinha agora uma expressão decidida, e, a passo rápido, atravessou o quarto e sentou-se na cama, verificando se as ligaduras do braço estavam bem presas. Calçou os sapatos, vestiu uma camisola de manga comprida e voltou a levantar-se.
- Onde é que vais? - perguntou Gabriel.
- Vou ver o que se passa.
- Está bem. Conta-me tudo, depois.
Rafael acenou com a cabeça, enquanto se dirigia para a porta, e saíu para o corredor, o mais rápido e silenciosamente que conseguiu.
Abriu a porta de rompante e travou um pouco, ao ver que os irmãos já tinham acordado. Sabia que tinham dormido quatro dias seguidos, mas tentou esconder um pouco a admiração.
- Bom dia, rapazes - disse, esforçando um sorriso simpático.
Em seguida, apróximou-se de William e segredou-lhe algo ao ouvido, endireitando-se e saindo, depois, sem mais uma palavra. O pai levantou-se e seguiu-o a passo rápido.
- Viste como o Sr. Peter estava? - perguntou Rafael, dirigindo-se a Gabriel.
- Achas? Daqui não vejo nada!
Na outra cama, Michael moveu-se um pouco, gemeu, mas continuou a dormir.
- Parecia preocupado - continuou Rafael. - Espera.
Levantou-se e andou devagar, tentando manter o braço no sítio, até à janela, onde observou um conjunto de dez criados, rodeados por habitantes da Vila, transportando algo coberto por um tecido branco manchado.
- Aconteceu alguma coisa - disse.
- O que foi? - perguntou Gabriel, do outro lado do quarto.
- Estavam a trazer alguma coisa para dentro, mas não consegui perceber o que era.
Manteve os olhos na entrada da casa, e, segundos depois, afastou-se da janela. Tinha agora uma expressão decidida, e, a passo rápido, atravessou o quarto e sentou-se na cama, verificando se as ligaduras do braço estavam bem presas. Calçou os sapatos, vestiu uma camisola de manga comprida e voltou a levantar-se.
- Onde é que vais? - perguntou Gabriel.
- Vou ver o que se passa.
- Está bem. Conta-me tudo, depois.
Rafael acenou com a cabeça, enquanto se dirigia para a porta, e saíu para o corredor, o mais rápido e silenciosamente que conseguiu.
quinta-feira, 20 de março de 2014
Simples Felicidade
A vida é feita de coisas simples. Coisas que nos fazem felizes ou tristes, e que em certos momentos podem parecer complicadas. Mas quando se resolvem, não podiam ser mais fáceis de explicar.
Hoje escrevo um texto um pouco diferente. Não para só para um amigo, mas também por causa de um amigo, e para uma rapariga que, embora não conheça, passei a considerar minha amiga também.
Tem sido um pouco difícil resolver-me com as palavras, por isso espero que compreendam todos os "tus" e formas verbais na segunda pessoa do singular, pois servem para que fique um pouco mais à vontade.
Conheço-te há bastante tempo. Sempre foste uma amigo que me ouviu e a quem ouvi, e posso dizer agora que te conheço bastante bem. Bem o suficiente para vos dirigir este texto.
Hoje estive metade do dia à procura de temas e imagens que pudesse pôr no blog, o que me deixou sem tempo para escrever, nem para pensar em nada para além de "Porra para isto!". Mas é sempre bom saber que, nestes momentos, há coisas que nos trazem de volta para onde pertencemos, e é bom poder dizer-vos agora que hoje voltei com a vossa ajuda, e de uma fotografia.
Na fotografia estás tu: um rapaz de cabelos pretos, sorriso posto e olhos brilhantes. E tu: uma rapariga bonita, de cabelos vermelhos, sorriso rasgado e olhos tão brilhantes como os dele. Algo simples, que no meio do aborrecimento me trouxe de volta um pequeno sorriso difícil de controlar, montes de pensamentos, e me trouxe a vontade de escrever de uma maneira um pouco diferente.
O texto não está enorme, tão bom quanto gostava que estivesse, para que percebessem que estou feliz por vocês, mas espero que dê a entender que a felicidade se constrói a partir de algo que parece complicado, mas que no fim não podia ser mais simples do que uma fotografia com dois sorrisos que pertencem um ao outro.
Felicidades Helder :)
segunda-feira, 17 de março de 2014
A Fuga
"Estavam agora numa pequena sala quadrada e, com a luz que se esguelhava pelos vários buraquinhos na porta e no telhado, conseguiam ver que o chão da salinha estava coberto por pequenas ervas macias, sobre as quais puderam pousar Gabriel.
Juntos tentaram abrir a porta, mas esta parecia estar trancada, por isso tentaram deitá-la abaixo, utilizando algumas pedras, que estavam amontoadas a um canto da salinha quadrada. Mas as suas tentativas foram vãs, e a exaustão começava a tomar-lhes conta do físico, por isso deixaram-se cair perto do irmão.
A perna de Gabriel jorrava sangue, e Michael sabia que não podiam demorar muito mais. O desespero começava a invadir-lhe o pensamento.
- Aau! - gemeu Rafael ao sentar-se.
- O que foi?
Rafael levantou-se e tacteou as ervas.
A sua expressão alegrou-se um pouco quando tirou, do meio das ervinhas, um varão de ferro.
- Podemos usar isso! - exclamou Michael.
- Como alavanca.
Michael voltou a levantar-se e encaixaram o varão num dos lados da porta de madeira.
Finalmente um pedaço cedeu, e depois outro e outro, formando um buraco suficientemente grande para passarem.
Primeiro levantaram Gabriel. Apoiando-o novamente nos seus ombros, levaram-no até à porta. Rafael saíu primeiro, depois passaram Gabriel, e Michael saíu em terceiro.
Era de manhã, e a julgar pelo ar que corria, frio e limpo, levado por uma brisa leve e delicada, era ainda muito cedo, e quando conseguiram esgueirar-se pelo buraco que haviam feito na porta, aperceberam-se de onde estavam.
- Rafael, - chamou Michael - é a casinha. É a casinha dos bosques.
Para além do buraco que tinham aberto, a casinha continuava intacta, e estava agora cercada por centenas de rosas brancas, como as que tinham encontrado no salão subterrâneo.
Agora que sabiam onde estavam, sabiam para onde tinham que ir, por isso, carregando Gabriel, procuraram a estrada para a mansão. Quando a encontraram, tropeçaram e cambalearam por ela fora, dirigindo-se para casa.
- Mais rápido - disse Michael.
- Estou a tentar - respondeu Rafael.
- Não te procupes, o pai e a mãe hão-de saber o que fazer."
Mais um pouco partilhado :) espero que gostem, que comentem tudo isso. Este causou-me dores nos dedos, de tanto escrever :P
Juntos tentaram abrir a porta, mas esta parecia estar trancada, por isso tentaram deitá-la abaixo, utilizando algumas pedras, que estavam amontoadas a um canto da salinha quadrada. Mas as suas tentativas foram vãs, e a exaustão começava a tomar-lhes conta do físico, por isso deixaram-se cair perto do irmão.
A perna de Gabriel jorrava sangue, e Michael sabia que não podiam demorar muito mais. O desespero começava a invadir-lhe o pensamento.
- Aau! - gemeu Rafael ao sentar-se.
- O que foi?
Rafael levantou-se e tacteou as ervas.
A sua expressão alegrou-se um pouco quando tirou, do meio das ervinhas, um varão de ferro.
- Podemos usar isso! - exclamou Michael.
- Como alavanca.
Michael voltou a levantar-se e encaixaram o varão num dos lados da porta de madeira.
Finalmente um pedaço cedeu, e depois outro e outro, formando um buraco suficientemente grande para passarem.
Primeiro levantaram Gabriel. Apoiando-o novamente nos seus ombros, levaram-no até à porta. Rafael saíu primeiro, depois passaram Gabriel, e Michael saíu em terceiro.
Era de manhã, e a julgar pelo ar que corria, frio e limpo, levado por uma brisa leve e delicada, era ainda muito cedo, e quando conseguiram esgueirar-se pelo buraco que haviam feito na porta, aperceberam-se de onde estavam.
- Rafael, - chamou Michael - é a casinha. É a casinha dos bosques.
Para além do buraco que tinham aberto, a casinha continuava intacta, e estava agora cercada por centenas de rosas brancas, como as que tinham encontrado no salão subterrâneo.
Agora que sabiam onde estavam, sabiam para onde tinham que ir, por isso, carregando Gabriel, procuraram a estrada para a mansão. Quando a encontraram, tropeçaram e cambalearam por ela fora, dirigindo-se para casa.
- Mais rápido - disse Michael.
- Estou a tentar - respondeu Rafael.
- Não te procupes, o pai e a mãe hão-de saber o que fazer."
Mais um pouco partilhado :) espero que gostem, que comentem tudo isso. Este causou-me dores nos dedos, de tanto escrever :P
quinta-feira, 13 de março de 2014
O Túnel
" - Outra vez aquele sonho parvo - respondeu enquanto esfregava o ombro. - Parece sempre tão real.
Cerrou os punhos, de raiva.
- Não precisas de ficar assim, já passou - acalmou-o Gabriel.
Sabia o quanto tudo aquilo era difícil para o irmão, e compreendia que, para Michael, acordar quase todas as noites às duas da manhã, era uma adição um pouco irritante, aos pesadelos.
Destapou-se, andou até à cama do irmão e sentou-se aos seus pés. Rafael fez o mesmo, já que estava bem acordado.
- Nunca nos contaste o que acontece ao certo, nesse sonho - disse Gabriel um pouco a medo, pois não se sentia bem em fazer o irmão falar daquilo.
Mas pensou que talvez fizesse bem a Michael.
O rapaz suspirou, esfregou a cara com as mãos e fitou os dois irmãos. Largou outro suspiro.
- O sonho é sempre o mesmo - começou. - Sonho que estou num corredor, mas não é bem um corredor. Um túnel. Não vejo nada à minha volta, porque está tudo escuro. Tenho uma lanterna na mão, mas não a consigo acender.
"Ao fundo do corredor, muito ao longe, oiço estrondos, como se estivesse alguém a atirar pedras enormes contra a parede. Como não vejo nada e, para além de saber que é um túnel, não sei onde estou, começo a andar em direcção aos sons.
Fechou os olhos para tentar lembrar-se melhor de tudo. Esticou os braços para os lados e abriu as mãos, como se tocasse nas paredes do túnel, e voltou a abrir os olhos.
- E depois? - perguntou Rafael, que estava agora deitado de barriga para baixo, em frente ao irmão.
- Para não caír, tenho sempre as mãos nas paredes - continuou. - As paredes estão muito húmidas e até consigo sentir as gotas de água a escorrer na pedra.
" Continuo a andar devagar, mas parece que já estou a andar há horas e os barulhos continuam longe, por isso começo a ficar assustado. Paro e tento acalmar-me. De repente os barulhos param, como se soubessem que eu estou ali. Não oiço nada para além da minha respiração, por isso sustenho-a.
Pousou a mão no peito, para não quebrar o pensamento, tentando reproduzir as sensações do pesadelo.
- Depois a respiração volta, mas não é a minha - continuou. - Fico cada vez mais assustado e...
- Shh! - interrompeu Gabriel.
- O que foi?
- Shhh! - insistiu.
E calaram-se os três, imóveis, em cima da cama.
Ao fundo, muito ao fundo, ouvia-se um barulho pesado e profundo. Um "baque" de pedra contra pedra, distante na mansão."
Está lançado um novo excerto, e a parte excitante começa agora! Espero que gostem, comentem e todas essas coisas boas que servem para me apoiar! :)
Cerrou os punhos, de raiva.
- Não precisas de ficar assim, já passou - acalmou-o Gabriel.
Sabia o quanto tudo aquilo era difícil para o irmão, e compreendia que, para Michael, acordar quase todas as noites às duas da manhã, era uma adição um pouco irritante, aos pesadelos.
Destapou-se, andou até à cama do irmão e sentou-se aos seus pés. Rafael fez o mesmo, já que estava bem acordado.
- Nunca nos contaste o que acontece ao certo, nesse sonho - disse Gabriel um pouco a medo, pois não se sentia bem em fazer o irmão falar daquilo.
Mas pensou que talvez fizesse bem a Michael.
O rapaz suspirou, esfregou a cara com as mãos e fitou os dois irmãos. Largou outro suspiro.
- O sonho é sempre o mesmo - começou. - Sonho que estou num corredor, mas não é bem um corredor. Um túnel. Não vejo nada à minha volta, porque está tudo escuro. Tenho uma lanterna na mão, mas não a consigo acender.
"Ao fundo do corredor, muito ao longe, oiço estrondos, como se estivesse alguém a atirar pedras enormes contra a parede. Como não vejo nada e, para além de saber que é um túnel, não sei onde estou, começo a andar em direcção aos sons.
Fechou os olhos para tentar lembrar-se melhor de tudo. Esticou os braços para os lados e abriu as mãos, como se tocasse nas paredes do túnel, e voltou a abrir os olhos.
- E depois? - perguntou Rafael, que estava agora deitado de barriga para baixo, em frente ao irmão.
- Para não caír, tenho sempre as mãos nas paredes - continuou. - As paredes estão muito húmidas e até consigo sentir as gotas de água a escorrer na pedra.
" Continuo a andar devagar, mas parece que já estou a andar há horas e os barulhos continuam longe, por isso começo a ficar assustado. Paro e tento acalmar-me. De repente os barulhos param, como se soubessem que eu estou ali. Não oiço nada para além da minha respiração, por isso sustenho-a.
Pousou a mão no peito, para não quebrar o pensamento, tentando reproduzir as sensações do pesadelo.
- Depois a respiração volta, mas não é a minha - continuou. - Fico cada vez mais assustado e...
- Shh! - interrompeu Gabriel.
- O que foi?
- Shhh! - insistiu.
E calaram-se os três, imóveis, em cima da cama.
Ao fundo, muito ao fundo, ouvia-se um barulho pesado e profundo. Um "baque" de pedra contra pedra, distante na mansão."
Está lançado um novo excerto, e a parte excitante começa agora! Espero que gostem, comentem e todas essas coisas boas que servem para me apoiar! :)
quinta-feira, 6 de março de 2014
Continua...
Chegaram e Michael reconheceu que a casinha tinha um aspecto um pouco sombrio. Estava intacta, sem buracos nem paredes caídas e, embora se visse que estava velha e inutilizada, parecia que alguém tomava conta da pequena estrotura, o que a tornava um pouco mais assustadora.
- É feia - soltou Rafael.
- Não é nada - ripostou Michael. - Tenta imaginar aquilo para que era usada. Imagina o que era feito e por que motivo foi construída.
- Concordo - disse Gabriel, depois de dar uma volta à casinha. - É fantástica. Queres tentar abrir a porta?
- Não, ainda nos cai em cima.
A porta era de madeira maciça e estava segura à casa por varas de ferro enterradas nas paredes. O telhado era um paralelepípedo e, por cima da porta, como Michael pensava ter visto antes, havia um triângulo que continha os mesmos símbolos que as lareiras da mansão: o brasão de armas, os dois cavaleiros e, por baixo, o homem deitado, de olhos fechados e braços cruzados no peito.
- Se vai, quero ir embora! - exclamou Rafael - Já são quase horas de jantar.
- Tu estás é com medo - troçou Gabriel.
- Não estou nada!
- Ele tem razão. Se formos depressa demoramos, mais ou menos, quinze minutos. É melhor irmos andando.
- Vamos lá, então.
E afastaram-se da casinha. Parte da sua curiosidade estava satisfeita, mas a outra parte fazia Michael querer saber mais sobre aquele conjunto de símbolos que estava não só na casa dos bosques, mas também espalhado por toda a mansão."
E pronto, mais um excerto para espicaçar os curiosos :P
- É feia - soltou Rafael.
- Não é nada - ripostou Michael. - Tenta imaginar aquilo para que era usada. Imagina o que era feito e por que motivo foi construída.
- Concordo - disse Gabriel, depois de dar uma volta à casinha. - É fantástica. Queres tentar abrir a porta?
- Não, ainda nos cai em cima.
A porta era de madeira maciça e estava segura à casa por varas de ferro enterradas nas paredes. O telhado era um paralelepípedo e, por cima da porta, como Michael pensava ter visto antes, havia um triângulo que continha os mesmos símbolos que as lareiras da mansão: o brasão de armas, os dois cavaleiros e, por baixo, o homem deitado, de olhos fechados e braços cruzados no peito.
- Aquele homem... - começou Michael - isto é o mesmo que está nas lareiras. Achas que têm ligação?
- Não sei, mas se calhar vai dar a algum cemitério - respondeu Gabriel.- Se vai, quero ir embora! - exclamou Rafael - Já são quase horas de jantar.
- Tu estás é com medo - troçou Gabriel.
- Não estou nada!
- Ele tem razão. Se formos depressa demoramos, mais ou menos, quinze minutos. É melhor irmos andando.
- Vamos lá, então.
E afastaram-se da casinha. Parte da sua curiosidade estava satisfeita, mas a outra parte fazia Michael querer saber mais sobre aquele conjunto de símbolos que estava não só na casa dos bosques, mas também espalhado por toda a mansão."
E pronto, mais um excerto para espicaçar os curiosos :P
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Mais um pouco
" Eram seis da manhã quando uma das criadas, de nome Josie, entrou no quarto dos rapazes. Abriu a porta de par em par, para evitar apanhá-los desprevenidos caso já estivessem a pé, e vendo que ainda dormiam atravessou o quarto em direcção às janelas. Era uma senhora já com anos de experiência naquele trabalho, tinha perto de setenta anos de idade e toda a sua vida trabalhara naquela casa como criada. Com uma voz meiga e maternal, depois de abrir as cortinas, chamou:
- Meninos, o vosso pai mandou acordar-vos. Já está a pé e quer-vos prontos em uma hora.
Rafael acordou de imediato. Era de longe o mais enérgico no que tocava a manhãs e não demorou até que acordasse Michael. Dez minutos depois já os três se vestiam e se preparavam para uma manhã a caçar, nos bosques que contornavam a vila, aquilo que seria o almoço do dia seguinte. Em breve desciam a escadaria do hall de entrada, correndo no alvoroço habitual dirigindo-se à sala de jantar. Havia mais três em toda a casa, mas as outras só estariam prontas daí a umas semanas, por isso, por agora, limitavam-se a usar aquela.
Quando entraram já o pai estava sentado na cadeira do extremo oposto da mesa, lendo um livro e de roupa de caça vestida. Tinha a sua espingarda encostada à cadeira e esperava pelos três filhos para dar ordem para servirem o pequeno-almoço. Ao seu lado, de cada lado do cadeirão, estavam dois criados a quem tinha sido incubida a tarefa de servir exclusivamente William.
- Bom dia, rapazes. - disse quando os viu entrar. - Muita fome?
- Bom dia, pai. - Respondeu Michael. - Esfomeado!
- Bom dia, pai. - disse Gabriel ainda ensonado.
E , por último, antes de se sentar ao lado dos irmãos, que já haviam tomado os seus lugares, Rafael atravessou o salão, abraçou o pai forçando-o a largar o livro e a soltar um riso e gritou, com entusiasmo, na sua cara:
- Bom dia, pai!!!"
E pronto, mais um excerto prometido e escrito. Comentem, digam se gostaram e se a curiosidade ainda vos atormenta ( se atormentava antes) :P
Ps: peço desculpa pela falta de imagens, mas tenho publicado pelo telemóvel e é mais complicado assim.
- Meninos, o vosso pai mandou acordar-vos. Já está a pé e quer-vos prontos em uma hora.
Rafael acordou de imediato. Era de longe o mais enérgico no que tocava a manhãs e não demorou até que acordasse Michael. Dez minutos depois já os três se vestiam e se preparavam para uma manhã a caçar, nos bosques que contornavam a vila, aquilo que seria o almoço do dia seguinte. Em breve desciam a escadaria do hall de entrada, correndo no alvoroço habitual dirigindo-se à sala de jantar. Havia mais três em toda a casa, mas as outras só estariam prontas daí a umas semanas, por isso, por agora, limitavam-se a usar aquela.
Quando entraram já o pai estava sentado na cadeira do extremo oposto da mesa, lendo um livro e de roupa de caça vestida. Tinha a sua espingarda encostada à cadeira e esperava pelos três filhos para dar ordem para servirem o pequeno-almoço. Ao seu lado, de cada lado do cadeirão, estavam dois criados a quem tinha sido incubida a tarefa de servir exclusivamente William.
- Bom dia, rapazes. - disse quando os viu entrar. - Muita fome?
- Bom dia, pai. - Respondeu Michael. - Esfomeado!
- Bom dia, pai. - disse Gabriel ainda ensonado.
E , por último, antes de se sentar ao lado dos irmãos, que já haviam tomado os seus lugares, Rafael atravessou o salão, abraçou o pai forçando-o a largar o livro e a soltar um riso e gritou, com entusiasmo, na sua cara:
- Bom dia, pai!!!"
E pronto, mais um excerto prometido e escrito. Comentem, digam se gostaram e se a curiosidade ainda vos atormenta ( se atormentava antes) :P
Ps: peço desculpa pela falta de imagens, mas tenho publicado pelo telemóvel e é mais complicado assim.
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